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Se você frequentou as salas de cinema nos últimos 40 anos, é bem provável que tenha se deparado com um ou mais desenhos de José Luiz Benício. Autor de mais de 300 cartazes de filmes nacionais desde os anos 1970, o desenhista é o tema do documentário “Benício — O mestre das pin-ups”, que o Canal Brasil exibe hoje, às 18h, dentro do programa “Retratos brasileiros”.
Obcecado por mulheres voluptuosas e fatais, o gaúcho Benício, de 73 anos, criou algumas das imagens mais marcantes dos cartazes do cinema brasileiro. Saiu da sua prancheta, por exemplo, a sinuosa Sonia Braga, entre José Wilker e Mauro Mendonça, do pôster de “Dona Flor e seus dois maridos” (1976). Ou a jovem Vera Fischer, nua, de pernas trançadas, da pornochanchada “A Superfêmea” (1973).
Dirigido pelos irmãos Eduardo e João Calvet, o documentário recorre a depoimentos do ilustrador Walmir Arnaral e do jornalista Heitor Pitombo para recriar a trajetória de Benício, que também aparece em uma entrevista em seu escritório. Dividido em capítulos, o filme fala das divesas facetas da carreira do desenhista, que, depois de pensar em ser pianista, ingressou em uma agência de publicidade de Fbrto Alegre aos 16 anos.
A produção para o cinema ocupa grande parte do programa. No auge das comédias
eróticas brasileiras, nos anos 70, o talento para as formas femininas fez o ilustrador virar xodó da indústria. O realismo do seu traço também o consagrou entre produtores como Luiz Carlos Barreto e Ren ato Aragão só para Os Trapalhões, foram cerca de 30 cartazes.
Benício conta que era procurado próximo ao lançamento dos filmes e tinha que trabalhar a partir de sfihls, fotografias tiradas durante as filmagens, que reinterpretava em guache. Muitas vezes, não chegava a ver os longas.
— Sou um cinéfilo preguiçoso e a maioria das pornochanchadas não me interessava — conta o ilustrador, que viu o trabalho para o cinema lentamente minguar nos últimos anos.
— Desde que a mídia eletrônica se consagrou, ficou mais barato e rápido para os produtores fazer os cartazes com o computador.
Além da ligação com o cinema, o documentário também destaca seu trabalho para editoras de pocket books. Na década de 50, quando trabalhava para a Rio Gráfica, ele criou capas para urna série de livros de sucesso com a espiã Giseile, assinada pelo jornalista David Nasser. Hoje, a literatura também perdeu terreno no seu trabalho.
— Agora recebo muitas encomendas de revistas para ilustrar reportagens — conta.
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